Estamos vivendo, é fato, tempos difíceis e nada fáceis de lidar. São tempos em que parece que o opressor tem a razão, pode fazer o que bem quiser e nós pessoas de bem sentimo-nos acuados e desorientados. Mas será mesmo que toda essa desorientação é um privilégio nosso ?

A todo momento vemos em diversas partes do mundo tragédias que nos deixam perplexos e deixam nossa fé a prova, parece até que você ser cristão é algo errado. Mas não é. Deixarmos ser levados por essa idéia, de que o cristianismo, é algo que está na contramão do mundo, e é o que justamente nos coloca na escuridão, turva nossa visão e não deixa que percebamos o quanto somos especiais.

Muitos usam o santo nome do Senhor em guerras e crueldades que não são pertencetes a uma vida santa ou até poderia dizer cheia de humildade e perseverança na fé. Pois adquirir o caráter da santidade é para poucos, poucos são os que tem a firmeza de declarar suas convicções e lutar por elas e por aqueles que precisam deste apoio. E aquele que apropria-se do santo nome do Senhor para cometer atrocidades não caminha em sua estrada.

Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus.” (Mateus 5:9)

“Nossos primeiros irmãos viviam em comunidades que procuravam viver em unidade, em comunhão com a Palavra viva, que não ensina-nos pegar em armas ou enganar seu semelhante, mas viver como um só corpo.”

Mas não vamos esquecer dos primeiros cristãos. Tão simples em seu modo de vida, tão pequenos. Mas grande em sua fé e dignidade, suportavam perseguições até mesmo quando jogados aos leões, nos circos romanos, encontravam em Deus seu refúgio, pois tinham a certeza de ter combatido o bom combate, como disse o apóstolo Paulo:

“Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé.” (II Timóteo 4, 7 )

“Cada um tem um propósito, no caso do apóstolo Paulo foi a pregação e a expansão da palavra de Deus a todos aqueles que precisavam dela. São várias as provações, necessidades e perseguições. E este apóstolo sofreu tudo isto e mesmo quando sua pena estava para ser executada pelos romanos não esmoreceu. Porque quando tudo é feito com amor e simplicidade somos transportados a saciedade, à alegria e o sentimento de satisfação, pois entregou-se o que de melhor tinha para ser oferecido ao próximo, sem esperar nada em troca, pois viver plenamente é em Cristo que representa tudo isto e por fim guardou-se o que tinha de mais valioso naquele momento, a crença, que é a certeza da presença viva de Deus em nossa vida.”

Buscavam ser justos, não desejavam nada além do que lhes era necessário. Não tinham pretensões grandiosas e mesmo assim nutriam um amor intenso e sincero por seus irmãos e inimigos. Entendiam que o amor, o cáritas era fundamental em suas caminhadas, os tornava mais lucídos e capazes de compreender o que os cercavam.

Tornava mais suporável toda a pressão que estavam submetidos. O amor, ele é solene, é forte, é justo. Não nos acovarda perante os desafios impostos pela vida ou pelas pessoas. O cristão em sua essência não é aquele ser compassivo, que cala-se perante às imposições da injustiça, mas aquele que dentro de um código de ética e justiça, encontra o melhor caminho para resolver o que precisa ser consertado, não se cala perante os ímpios. Mesmo que isto seja um processo doloroso.

O que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é que vence o mundo? Somente aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus.” (1 João 5:4-5)

“Jesus é o caminho para aquele que deseja uma vida plena, cheia de graça e amor pleno. Longe das iniquidades que o inimigo tanto tenta difundir na alma e corações humanos.”

E hoje vemos repetir todo esse processo de perseguições de uma forma nova. Fechamos nossos olhos, esquecemos destes irmãos que sacrificaram suas vidas para que tivéssemos as nossas. Elegemos a correria cotidiana, as preocupações infundadas, as ansiedades e tantos outros males que corroem nosso espírito e afasta-nos do Senhor.

Tornamo-nos materialistas e imprudentes. E atrevo-me a dizer que quando dizemos que, queremos fazer “o bem e não magoar” quem está ao nosso lado é o momento em que mais os afastamos, principalmente aqueles que torcem por nós, que alegram-se com nossa felicidade e ficam tristes quando assim estamos.

Vivemos apenas para o consumismo, não somos capazes de enxergar além de nosso próprio umbigo. Vivemos o egoísmo, a luxúria, apenas porque o mundo nos ensina que temos que competir como nosso irmão, enquanto a maior competição que devemos travar é conosco, no sentido de tornarmos pessoas e fiéis na fé de Cristo, melhores, mais compassivos com o sofrimento e às necessidades alheias. E enquanto formos marionetes no jogo das pessoas que estão aliadas ao mal, ao Inimigo, veremos este processo de crueldade e injustiças que desgraçam várias famílias, criam crimes horrendos e preocupaçoes angustiantes prevalecerem.

A seguir temos um trecho da “Carta a Diogneto”, um documento que descreve bem como eram os primeiros cristãos e seu modo de vida:

Vivem na sua pátria, mas como se fossem forasteiros; participam de tudo como cristãos, e suportam tudo como estrangeiros. Toda pátria estrangeira é sua pátria, e cada pátria é para eles estrangeira. Casam-se como todos e geram filhos, mas não abandonam os recém-nascidos. Compartilham a mesa, mas não o leito; vivem na carne, mas não vivem segundo a carne; moram na terra, mas têm a sua cidadania no céu; obedecem às leis estabelecidas, mas, com a sua vida, superam todas as leis; amam a todos e são perseguidos por todos; são desconhecidos e, ainda assim, condenados; são assassinados, e, deste modo, recebem a vida; são pobres, mas enriquecem a muitos; carecem de tudo, mas têm abundância de tudo; são desprezados e, no desprezo, recebem a glória; são amaldiçoados, mas, depois, proclamados justos; são injuriados e, no entanto, bendizem; são maltratados e, apesar disso, prestam tributo; fazem o bem e são punidos como malfeitores; são condenados, mas se alegram como se recebessem a vida. Os judeus os combatem como estrangeiros; os gregos os perseguem; e quem os odeia não sabe dizer o motivo desse ódio.

…”

Não devemos esquecer do exemplo dado por eles. Não esqueçamos do amor e da fé, que nos cura e fortalece, nos renova. Transforma-nos em verdadeiros filhos de Deus, prontos para os desafios. O amor é único e Jesus a fonte inesgotável.